segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mini-guia: escolhendo a classe inicial

Mini-guia: escolhendo a classe inicial

Para você que está começando a jogar e não tem a menor ideia de qual classe escolher, leia esse pequeno "guia" falando dos pontos positivos e negativos das principais classes iniciais do Ragnarök - atualizado com as classes expandidas!
Espadachim: São muitas vezes os protetores do grupo, sempre agindo na linha de frente. Duros na queda, conseguem aguentar muitos golpes e geralmente usam seu próprio corpo como escudo para proteger os mais fracos.
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Prós:
É a classe do jogo que mais tem HP.
Distribuindo os pontos corretamente, você terá um bom ataque.
Consegue mobar com facilidade.
É uma classe tanker (que suportar muitos ataques).
É a única classe em que as evoluções têm montarias.

Contra:
Inicialmente recebe muito dano, e gasta muita poção.
É uma classe mais difícil de fazer dinheiro no começo.
Não é a melhor classe para fazer MVP.
Tem pouco SP.
Não tem habilidade específica para aumentar a sua esquiva.



Arqueiro: Sempre na retaguarda, esses atiradores certificam-se que seus disparos atinjam o elo mais fraco, seja inutilizando um bruxo ou impedindo os movimentos de um cavaleiro. Ao evoluírem, podem também elevar a moral do grupo com incríveis músicas e danças.
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Prós:
Ataca a distância.
Tem um bom dano inicial.
Em níveis altos tem boa esquiva e velocidade de ataque (se você escolher ser um caçador).
O atributo que aumenta o seu dano é o mesmo que aumenta a precisão (destreza).
Inicialmente uma das classes mais fáceis de evoluir.

Contra:
Possui pouco HP.
Não moba.
Para atacar você sempre necessita de flechas.
Por ser um personagem que não tem força, não carrega grandes quantidades de itens.
Apesar de ter esquiva elevada, é um personagem vulnerável.


Mago: Apesar de parecerem frágeis e franzinos, esses guerreiros possuem um poder enorme, o de controlar a natureza. Podem atear fogo em seus inimigos, congelar uma área, inundar terren os e até invocar poderosos trovões, limitados apenas por sua imaginação.
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Prós:
Uma das únicas classes que atacam com o uso da magia.
Possui um ataque alto.
Fácil de arrumar um grupo.
Tem ataques em área fortes (se você selecionar ser um bruxo).
Uma classe que evolui relativamente rápido.

Contra:
Tem pouco HP.
Você é muito dependente de suporte para poder upar.
Dificilmente um mago está na frente da batalha.
No PvP e na Guerra do Emperuim são um dos principais alvos.
Suas armaduras e escudos fornecem pouca defesa.


Noviço: Os homens de Deus são essenciais a qualquer grupo. Com suas habilidades de cura são os principais responsáveis por manter seu grupo vivo, fora que as bonificações que dão a seus companheiros são capazes de mudar totalmente o rumo de uma batalha. Como Sacerdotes e Monges, ganham poderes supremos, como ressuscitar ou nocautear com um único golpe.
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Prós:
Seu HP e SP são bem balanceados.
É a única classe que tem “buffs” (magias que elevam destreza, agilidade, força, ataque, entre outras coisas).
Possuem uma magia de cura.
Você pode escolher ser um personagem de suporte ou de “ataque”.
Facilmente encontra grupo para upar.

Contra:
Normalmente é uma classe que não ataca (se você for ser sacerdote).
Dependo da sua build tem dificuldades de upar sozinho.
Por não ter esquiva, necessitam de bons equipamentos de defesa.
Se você for suporte pode, as vezes, cansar de ficar apenas “buffando e curando”.
Em um grupo se alguém morre, normalmente, a culpa é do suporte.


Mercador: Os senhores do dinheiro. Apesar de não parecem uma clase de combate à primeira vista, ao evoluirem são terrivelmente poderosos. Como Ferreiros, podem partir uma montanham com um balançar de seus machados e criar armas poderosas para seus amigos. Como Alquimistas, destroem equipamentos, produzem poções e ainda conseguem criar vida.
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Prós:
A única classe que pode vender itens em uma loja própria.
Possui uma habilidade de reduzem o preço dos itens na compra (compras realizadas em npc).
Podem carregar mais itens, pois tem uma habilidade que aumenta a capacidade de carga.
É a melhor classe para comprar e vender itens no jogo.
Suas evoluções são as melhores classes para fazer MVP.

Contra:
São classes razoavelmente caras.
Seu ataque mais forte, como mercador, gasta zeny para ser utilizado.
Tem pouco SP.


Gatuno: Mais rápidos que a visão, esses guerreiros são especialistas em impedir que os oponentes o atinjam. Quando evoluem podem causar danos que ignoram a defesa ou desarmar completamente seus adversários.
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Prós:
É a classe que tem muita esquiva.
Inicialmente uma das classes mais fáceis de evoluir.
Equipamentos relativamente baratos.
A única classe que possui em sua arvore de habilidades o golpe duplo.
Dificilmente tem gasto com itens de SP.

Contra:
Quando a esquiva é “quebrada” é difícil de sobreviver.
Normalmente tem pouco SP.
Em leveis altos é difícil de arrumar grupo (por exemplo, você e um sacerdote).


Ninja: O Ninja utiliza a magia elemental, combinada de combate corpo-a-corpo e ataques à longas distâncias, apesar de parecer uma classe fraca, ele tem ataques que podem ser mortais.
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Prós:
Ataque a distância.
Classe relativamente barata de fazer.
Pode upar utilizando magias ou kunais.
Tem uma magia que ele recua para uma área proxima ao tomar um dano físico (troca de pele).
Possui ataques mágicos fortes.

Contra:
Possui pouco HP.
Não possui equipamentos com defesas elevadas.
Algumas magias requer itens para serem utilizadas.
A classe não tem uma evolução.
É uma classe “fragil”.
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Justiceiro: O justiceiro é a única classe do jogo que utiliza armas de fogo para causar danos ao inimigo à longa distância. É uma classe que chama a atenção pela sua habilidade com armas, que podem causar sérios danos nos inimigos.
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Prós:
Tem um ataque em área poderoso (Desperado).
Únicos que utilizam arma de fogo.
Dependo dos seus atributos e de suas habilidades podem atingir uma alta velocidade de ataque.
É uma classe balanceada para as várias modalidades do jogo (MVP, PVM, PVP).
Existe munição com elemento ( sagrado).

Contra:
A classe não tem uma evolução.
Gasta muita munição.
Não utilizam escudos.
As pistolas tem um onus de -10 Hit.
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Taekwon: A versão “karate kid” do ragnarok, é um lutador da arte marcial do Taekwondo. Apesar de não fazer uso de armas, tem extrema habilidade nas artes marciais. Uma de suas evoluções (espiritualista) é capaz de conceder espiritos aos membros do grupo e liberar uma habilidade especial para cada classe.
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Prós:
Tem habilidade de causar danos com propriedade.
Tem uma boa velocidade de ataque.
Uma de suas evoluções (espiritualista) tem a habilidade de conceder espíritos aos membros do grupo.
Possuem uma habilidade muito útil, o salto, onde o personagem pula (podendo subir ou descer desníveis, pular por muros, etc).
Sua evolução Mestre Taekwon, com uma build específica, é uma das melhores classes para matar MVP.

Contra:
Não utilizam armas.
Não utilizam escudos com defesa alta.
Possui pouco HP.
Seus ataques de dano requerem a ativação de uma habilidade para serem utilizados (por exemplo, para poder utilizar chute tornado o personagem tem que estar em postura de chute tornado), lembrando de Taekwons do rank não necessitam dessa ativação.
Nos níveis iniciais o dano é baixo.
Se você selecionar ser um espiritualista não poderá utilizar os chutes.
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Super aprendiz: Nada como o eterno aprendizado, isso aqui é levado a sério. Um Superaprendiz possui várias habilidades das classes iniciais, podendo ir até o nível 99 de classe. É uma classe que recebe ajuda de seus "anjos da guarda".
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Prós:
Possuem quase todas as habilidades de classe 1-1.
Podem-se fazer diversas builds.
Classes de magia normalmente tem cast instantâneo.
Se o “SA” for de agi terá uma alta esquiva.
Vai até o job 99.
Tem buffs, como aumentar agilidade e benção.


Contra:
Por se tratar de um Super aprendiz, ele tem o hp e sp semelhante a um aprendiz, isso até pegar o 99 (onde ganha um bonus).
Depende de uma carta pupa (ou similar) para evitar constantes mortes.
Só pode utilizar itens que os aprendizes usam.
Não sobrevivem a mobs de monstros.

domingo, 21 de novembro de 2010

Em um reino muito conhecido e muito poderoso existe uma sala que guarda um pequeno tesouro importante em forma de uma pedra preciosa. Essa sala é extremamente segura e implacável contra os ladrões. Pelo menos é o que dizem. 

Neste exato momento um garoto chamado Michi, estatura mediana, magro, com roupas esfarrapadas e um cabelo castanho e desgrenhado, esgueira sorrateiramente por essa sala. Calculando milimetricamente cada passo, esquivando de todos os sistemas de alarme criados pela magia dos Clérigos. De uma forma sublime, ele chega até o pedestal onde a pedra se encontra. Uma pedra redonda e verde, que lembra um olho, repousa em uma almofada de seda roxa com adornos dourados. Após analisar com calma por minutos o pedestal e a almofada, em busca de armadilhas e alarmes, Michi chega a conclusão que é seguro apenas remover a pedra do local.

Ele respira fundo e estende as mãos para perto da pedra. A tensão faz uma pequena gota de suor brotar em sua testa. Ele sorri pela sua esperteza e sagacidade. Ele toca a pedra com todas as dez pontas de dedos de suas duas mãos. Seu olhos brilham. “Consegui, nada pode me impedir agora!” pensa ele em sua vitória. Então ele levanta a pedra e a coloca em sua sacola que pendia transversalmente em seu ombro. 

Enquanto Michi se prepara para fugir pelo mesmo local por onde entrou, a porta da sala escancara em um baque surdo. Um Clérigo e um monte de soldados do reino estão em riste, pronto para prender ou executar o ladrão. 

-Prendam o intruso, agora! – brada o Clérigo.

Michi solta um chiado pelos dentes amaldiçoando sua sorte.  Ele sorri e diz:

-Ei, velho. Já ouviu falar que a pipa do vovô não sobe mais?  - e com isso, sai correndo pela sala rindo, procurando a primeira janela aberta 
pra fugir loucamente, como um covarde.


Numa tarde fria no sul de Alderba, um Estado do Terceiro Reino, na cidade de Oita, um Meio-Orc de nome Azogy come uma fruta debaixo de uma arvore. Oita é uma cidade simples e pobre. Possui poucos habitantes que moram em casas de madeira e palha que ladeiam uma avenida principal de terra batida. Possui também um sistema de governo prático e honesto. O Estado de Alderba é conhecido pelo seu espírito pacífico e calmo. Esse espírito será quebrado em menos de dois minutos. Azogy se levanta após o término da ingestão da fruta e caminha até a avenida principal, onde pequenos humanos trabalham de forma calma e tranqüila. Todos agasalhados como se a neve estivesse para chegar. Eles estavam preparando uma pilha grande de lenha, no centro da avenida. Essa lenha seria usada para aquecer os lares no começo da noite se uma bola de fogo que descia rolando pela avenida principal não se chocasse contra, fazendo toda aquela madeira seca pegar fogo de uma vez.

Era o caos! A bola apareceu de repente, incendiária, passando pelas casas de palha e madeira, deixando o local prestes a se tornar apenas cinzas. Azogy percebe o perigo e corre em direção a ela. Alguém precisava detê-la antes que algo pior acontecesse. Como um relâmpago, ele puxa um de seus Abridores de Lata [3] e corta a bola no meio. Apenas chamuscado, ele observa cada parte da bola cair para o seu lado e um grito incomoda seus tímpanos. No meio das duas partes flamejantes, um garoto magro, de cabelos escuros e roupas esfarrapadas começa a verificar se todos seus membros estão no lugar correto. Ele olha para Azogy e diz:

- Puxa vida, pensei que aquele inferno nunca fosse parar.

O sorriso do garoto incomoda Azogy, mas não o suficiente para ele partir o garoto no meio, ou em cinco partes iguais, como preferir.

- Você estava dentro dessa bola em chamas? – pergunta o Meio-Orc, sério.

- Sim. Eu estava fugindo de um Clérigo, quando ele lançou uma magia e me envolveu nessa massa de madeira flamejante que você acabou de destruir. Não sei como vim parar aqui. Fiquei rolando por um bom tempo. Horas, talvez. Ehh... puxa vida, ainda bem que acabou! Onde é que estou, mesmo? – diz o garoto sorrindo como todo bom ladrão sorriria.

Azogy o agarra pelo colarinho na parte de tras de suas vestes e o leva para um canto da rua. No momento, os trabalhadores locais lutam contra o fogo [4].

- Você está em Oita no Terceiro Reino. – diz Azogy agachando na frente do garoto.

- Uau, um tanto quanto longe de onde eu estava. – surpreende-se o garoto.

- Me diga garoto, você está bem? Qual é o seu nome?

- Sim, estou bem. Talvez um pouco desidratado. Queria um pouco de água. Eu suei muito, sabe? Meu nome é Michi. E o seu? – diz o garoto, agora alegre e um pouco mais relaxado.

- Sou Azogy. Acho que posso levar você para beber água. Venha comigo.

Os dois se levantam e começam a caminhar. Michi se sentia um pouco mais confortável. O mesmo conforto que se consegue ter ao lado de uma gigantesco criatura verde de quase três metros de altura com cara de psicopata. Azogy por outro lado, sendo um Meio-Orc com uma inteligência acima do normal, para um Meio-Orc, é claro, e tendo um bom coração na medida do possível, se compadece do garoto e acaba achando ele, um cara legal!




Não muito longe dali, no Quarto Reino, no Estado de Hans, na cidade de Reich, reúne-se um grupo de Clérigos de alto nível, todos eles beirando a idade dos cinqüenta anos, usando vestes azul-marinho e uma faixa cheia de símbolos. Carecas e sem barbas, estão discutindo algo no meio de uma das praças centrais. Vale comentar que o Quarto Reino é o segundo maior entre os Treze Reinos existentes no mundo. Ele é tão moderno, elegante e tecnologicamente desenvolvido, que o povo de lá é conhecido como excêntrico, esnobe e levemente afeminado [5]. O Quarto Reino é temido apenas por possuir os Clérigos mais poderosos do mundo, e também os mais enrustidos.

- O garoto deve estar morto agora! – diz Lola [6], o Clérigo superior.

- Eu apenas o envolvi nas Chamas Pirotécnicas de Lars, O Grande! Ele deve estar vivo. É claro que invoquei o Pavão dos Céus para segui-lo. – diz Annete, o Clérigo do exército.

- Ainda acho que deveríamos ir atrás dele. Segundo os relatos de Annete, o garotão... digo, o ladrão, roubou o Olho Sagrado de Louis, O Varão! – diz Nicole, o Clérigo do Santuário.

- Sim, Nicole, você está certo, tomaremos as devidas providências. Afinal, Annete deixou o Pavão Dos Céus atrás deles. – diz Lola.

- E quanto ao problema do serralheiro Will? – diz Samantha, o Clérigo Juiz – Ele jura que não usou sua serra para livrar os prisioneiros da câmara quinze!

- Ele deve ser julgado e condenado! – diz Lola.

- Mas é o que eu estou tentando fazer. – diz Samantha - Estou tentando julgá-lo. Para isso preciso do parecer dos Senhores sobre....

- Ele é velho? – pergunta Annete.

- Sim!

- Ele é.. hum.. “saudável”? – diz Lola.

- Por Castus, não [7]! – diz Samantha impaciente.

- Então, culpado! – diz Nicole.

- Culpado! – confirma Lola.

- Culpado! – finaliza Annete.

- Ok, culpado então.

E se lamentando, Samantha saí da roda de Clérigos puxando uma pena e um pedaço de pergaminho.

Um rapaz, alto, forte e saudável, de olhos azuis e cabelos louros, usando uma pequena saia de malha, um peitoral de bronze e um capacete com uma longa pena de pavão no topo se aproxima da roda de Clérigos.

- Com licença, Senhores! – diz o soldado.

Os Clérigos tomam um pequeno susto, contendo um leve gritinho agudo. Olhando para o soldado, todos soltam um leve suspiro. E se um bom observador estivesse por perto, perceberia que os seis olhos presentes fixados no soldado saudável eram olhos levemente apaixonados.

- Diga querid... digo, diga soldado! – diz Lola alterando a voz de melódica e fina, para forçadamente grave.

- Oh Sumo Clérigo Lola, meu senhor. As notícias que trago são de um pesar imenso. Venho confirmar que O Grande Olho Sagrado, meu senhor. Era realmente o verdadeiro que estava na sala, senhor. O Grande Olho nos deixou! – diz o soldado fazendo uma reverência.

- Que tragédia! – brada Lola – Annete, quero agora a localização exata do ladrão.

Annete faz alguns gestos com as mãos e depois olha para cima. Um arco de purpurina brilha de uma mão a outra. Ele gira na ponta dos dedos do pé, fazendo suas vestes flutuarem no ar. Se ajoelha com as mãos no chão e olhando para Lola diz:

- Ele está em Oita, Alderba, no Terceiro Reino. Um Meio-Orc o acompanha.

- Annete, monte sua tropa e siga em direção a Oita. Quero esse ladrão e O Grande Olho em minhas mãos até o final da tarde de amanhã! Estamos entendidos? – Lola brada com a firmeza de um general nascido em Reich .



Michi segurava um objeto na mão. Ele tinha um palmo de diâmetro. Era de cristal verde, redondo e no seu centro uma bola preta fazia com que ele realmente se parecesse com um olho. Era uma pedra simples. Ele e Azogy estavam sentados na beira de um poço de água fresca.
- Eles fizeram aquilo com você por causa dessa pedra? – diz Azogy.

- Olhe o respeito, meu amigo. Esse é O Grade Olho Sagrado de Louis, O Varão! – diz Michi com um certo sarcasmo.

- Esse papo de grande olho do varão é meio suspeito, você não acha?

- Acho não, tenho certeza. São todos um bando de mulheres em corpo de homem. Nunca vi nada igual. Todos os velhos e senhores me ofereciam casa e comida de graça, sempre com um olhar sacana. E as mulheres viviam juntas. Até os cachorros tinham comportamento suspeito. Eu que não volto lá. Nunca mais! – diz Michi fazendo uma careta.

- Acredito que cada um possa ter sua liberdade de escolha. Se eles são felizes assim. Por que não?

- Hum... você é gay? – pergunta o garoto desconfiado.

- Claro que não! – diz o Meio-Orc um pouco desconfortável – Eu só defendo a liberdade de escolha. Se você escolhe apanhar no lugar de bater, se vai ser ladrão ou nobre, ou qualquer outra escolha, isso é problema seu, não meu. Desde que não me envolva, é claro.

- Entendo. – uma leve pausa de exatos dez segundos ocorre. Então – ...você já matou alguém.

- Já matei, sim. Mas minhas armas mataram mais que eu. – diz Azogy naturalmente.

- Como assim?

- Bom, já matei alguns com minhas mãos. Mas meus Abridores de Lata mataram muito mais.

- Como é que é? Eles possuem vidas próprias, é isso?

- Às vezes.

- Ah?

- Sim, sim. Às vezes eles agem por si mesmos. Eles criam pernas e correm atrás da presa. – diz Azogy seriamente.

- E isso acontece como?

- Quando eu estou desacordado. Eles me protegem até eu acordar.

- E o que acontece depois que você acorda?

- Eu fico muito irritado e de mau-humor!

O garoto não disse mais nada. Se existe alguma coisa que pode desacordar essa coisa grande e verde, ele não queria estar por perto para ver. Muito menos ver essa coisa grande e verde de mau-humor e irritado.
Algumas ruas dali, um grupo de soldados comandados por Annete chega à avenida principal de Oita.

Um pequeno grande revú [9] começou a se formar na avenida principal. Os pacíficos Oitanos estavam apanhando como nunca tinham apanhado antes. Annete gritava no meio a confusão:

- Entreguem o ladrão! Entreguem o ladrão. Isso só irá acabar quando eu colocar as mãos No Grande Olho Sagra....

Sua fala é interrompida quando uma grande galinha... não, um pato... bem... na realidade, um galo, morto, branco e depenado atinge sua face. Se o galo tivesse sido arremessado por qualquer pessoa, ele teria apenas batido na cara de Annete deixando uma gosma grudenta e um leve latejar no nariz. Como o galo não foi arremessado por qualquer pessoa, isto fez com que o nariz de Annete se quebrasse com o impacto, ele perdesse o equilíbrio e caísse duro, inconsciente no chão. Azogy, feliz com o feito, corre em direção aos soldados gritando algumas palavras que poderiam ofender uma geração inteira de eunucos do sul. Os soldados, assustados, param de atacar os pacíficos Oitanos.
- Não vejo necessidade da violência. O ladrão está aqui, do meu lado, junto com a grande pedra. E daqui ele não vai sair, muito menos a pedra. – diz Azogy.

Os soldados se olham e um deles grita com o punho direito cerrado:

- Aquele que rouba o Quarto Reino deve ser julgado e condenado. Aquele que desafia a guarda do Quarto Reino deve arcar com as conseqüências. Peça desculpas e lhe daremos uma morte rápida e indolor, herege!

- Essa fala já está meio batida, não acha? – diz Azogy sorrindo e sacando os Abridores de Latas. A cena que se segue pode ser descrita como um furacão insano com fome de casas de madeira. O vento soprou, os Abridores de Latas abriram as “latas”, as armaduras viraram 

sucatas. Azogy sorriu.
O Universo Transversal Lateral (UTL) é um universo que fica entre a realidade dos homens, no caso, a Terra, a realidade de Godamuly e a realidade de Orb-Artic [10]. Ocorrem com certa freqüência algumas viagens indesejadas de outras realidades para UTL. É bastante comum quando um ser vivo da realidade dos homens acaba deslizando para UTL. O problema é que isso normalmente acontece com homens caretas, religiosos ou realistas, nunca com rpgistas, escritores, músicos, hippies ou qualquer usuário de drogas. As conseqüências são que quando um homem encontra, por exemplo, um Mancudês, um monstro de nove braços, uma perna e dois olhos, sem cabeça, eles não sobrevivem por mais de dois segundos, e morrem proferindo frases como “Minha mãe disse para não falar com estranhos” ou “QUEIMA ELE, JESUS!” ou ainda “Freud poderia explicar isso!”. Há também criaturas vivas que deslizam da realidade de Godamuly para UTL. Com isso não há problemas, visto que o clima, ambientação, espécies e tudo mais, são de extrema semelhança entre as duas realidades. Já no caso de Orb-Artic, todos os seres, vivos ou não, que deslizam para UTL migram para o Sul [11], e lá constituem família, arrumam empregos e vivem uma vidinha medíocre. Pelo menos é o que dizem. O deslize de UTL para qualquer realidade é impossível, ou ao menos nunca foi registrado por ninguém [12].

UTL pode ser considerado como um grande lixão central de qualquer grande cidade, ou talvez como cargo de confiança dos políticos que não sabem mais o que fazer com seus filhos, netos, primos e sobrinhos.

Porém, apesar desses pequenos deslizes que ocorrem normalmente, um deslize em especial virou lenda, ou história, ou papo de bar, como preferir. Certa vez, um deslize múltiplo, incluindo as três realidades, aconteceu exatamente no mesmo tempo. Da realidade dos humanos, vieram um elefante e uma girafa. Da realidade de Godamuly, veio um Anobhis, uma espécie de hipopótamo e de Orb-Artic, um cavalo eunuco. Imagine quando você está tentando passar um fax para alguém e ao mesmo tempo mais duas pessoas tentam passar fax diferentes para o mesmo número. Deveria dar ocupado, certo? Mas e se a ligação for aceita e as linhas cruzarem? Entendeu?

Bom, vou tentar novamente. Se você considerar T1 = 11, T2 = 11 e T3= 11 [13] sendo T1 o tempo dos humanos, T2 o tempo de Godamully, e T3 o tempo de Orb-Artic. Considere a=p5, b=p1, c=p4 e d=p2, sendo p de peso, unidade de medida, a para o Elefante, b para a girafa, c para o Anobhis e d para o cavalo eunuco. Agora a formula do problema é, z = (T1+T2+T3 )/ (a+b+c+d). Y= z / 3 * 1. W= z*4/1. O resultado final é Y=0,91666... e W=11, sendo Y o tempo exato necessário para o deslize e fusão entre os 4 planos e W o peso exato em toneladas da criatura que apareceu em UTL após o deslize [14]. Voltando ao fax, imagine que o fax chegou no número desejado, com as linhas cruzadas. O conteúdo do fax começava com o seu texto, era interrompido pelo final do texto da segunda pessoa, continuava com o fim do seu texto e finalizava com o começo do texto da terceira pessoa. Foi exatamente isso que aconteceu com as criatura. Em UTL, apareceu uma criatura com cabeça e pescoço de girafa, corpo de Anobhis, patas traseiras e rabo de um cavalo eunuco e patas dianteiras de elefante. Ela é considerada um deus, e se chama Horbully. Dizem que ela vive perambulando pelo UTL a procura da infinita sabedoria. Ou então que ela está adormecida em uma caverna quente e perigosa, esperando O Dia para acordar e, de alguma forma, agir. Há também as pessoas que dizem que Horbully morreu há muitos anos e que agora sobrevoa UTL em asas de penas brancas, sendo o fiel protetor das almas deslizadas de UTL. Outros acreditam que ela foi para o sul.




Em um lugar escuro e sombrio, um vulto envolto em um manto negro de capuz conspira secretamente com um ser divino. Esse parecendo muito com um Nórdico Guerreiro de longas datas e possui um machado de duas lâminas nas mãos. Eles sussurram como pessoas sussurrariam uma conspiração:

- ESTÁ TUDO CERTO. DEIXAMOS ELE SUBESTIMAR A TODOS NÓS E APUNHALAMOS PELAS COSTAS? – diz o Guerreiro Nórdico.

- Perfeito, isso mesmo. – confirma o vulto – Não podemos errar em nenhum calculo pois estaremos perdidos, correto? Não esqueça de informar o caso ao Conselho Regional de Religiões e afins.

- EXATO! IREI INFORMAR O CONSELHO REGIONAL DE RELIGIÕES E AFINS. SÓ ESPERO QUE VOCÊ ESTEJA CERTO, GAROTO. SENÃO NOS METEREMOS EM UMA FRIA DAS GRANDES. – informa o Nórdico.

- Fique tranqüilo, eu não erro nunca. E pode confiar em minha informações, elas são bem seguras. – diz o vulto por debaixo do capuz – E lembre-se. Ninguém pode saber deste plano.

- OK! – confirma o Divino Guerreiro Nórdico.

Pedaços de guardas estavam espalhados por toda parte. Azogy, coberto do sangue de seus inimigos, não conseguia deixar de mostrar seus dentes afiados em um sorriso sádico. Michi, que se encontrava no topo de uma árvore, olhava curioso, mas não espantado. Azogy se aproxima do corpo desacordado de Annete, o levanta pelas vestes e solta um bafo perto de seu nariz. Annete acorda assustado.

- Por Xavi, o luxuoso! Que cheiro mais horrível é esse?

- Isso veio da minha boca, meu caro. – diz Azogy em um tom calmo.

- Você está cheio de sangue. Me largue! Isso é uma ordem. Guardas, guardas, matem esse doente! – grita Annete enquanto se debate, erguido quase um metro do chão.

- Bom, esse sangue todo pertencia a seus guardas. Creio que está sozinho, meu caro. – diz o Meio-Orc, sorrindo.

- Você cometeu seu último erro. Agora você irá provar a fúria de um Clérigo do Quarto Reino. Que a maldição de Okhan, o destruidor, caia sobre você, monstro verde. – Annete faz uma pequena pausa e brada – Ahrrueláhn [15]!

O céu no local escurece, as nuvens começam a se amontoar acima deles. Um pequeno disco cinza circula as nuvens e um raio vermelho é arremessado do céu, bem em cima de Azogy. Uma barulhenta explosão no local destrói as casas, carboniza os restos mortais dos guardas e arremessa Michi para longe. A cena a seguir poderia muito bem ser retratada como um quadrinho de comédia, onde o pato fica parado no centro da explosão, todo preto, com uma cara de muito mau-humor, enquanto fumaça sai de seu corpo. Pois é, mas no lugar do pato, colocamos Azogy ainda segurando o Clérigo, cuja pele continuava branca, limpa e delicada.

- Eu odeio magia! – rosna Azogy.

- Pelo visto não funciona com você, certo? – diz Annete com um sorriso nervoso de uma pessoa extremamente desesperada.

- Pelo visto não, meu caro.

- Hum... – geme Annete tremendo os lábios – Abascântico [16]. Hum. Isso só existe em Godamully. Hum. Você é um deslizante! Que ótimo. Hum.

- Preste muita atenção no que irei dizer agora. – diz Azogy deixando seu rosnado um pouco mais relaxado – Volte agora para o Quarto Reino e diga ao seu Rei que A Grande Pedra de Seiláoquê pertence agora a Azogy. Frise “Azogy, o Abascântico!”. Informe também que exército nenhum pode comigo. Não venham atrás de mim, pois isso só causará mais dor. Dor! Entendeu?

- Perfeitamente. – Annete suspira.

Azogy o larga. O Clérigo sai andando como um velho com a mão nas costas. Michi vem andando calmamente, com um pequeno corte em sua testa, perto da sobrancelha esquerda. O Meio-Orc, ainda coberto de pó, bate as cinzas do ombro, tentando chegar perto de sua cor original.

- Obrigado. – agradece o garoto – Você não precisava me proteger e mesmo assim o fez. Obrigado!

- Eu só faço aquilo que acho certo. Não precisa me agradecer.

- Você não combina com esse lugar. Eu sou um ladrão. Eu vivo de aventuras. O que acha de me acompanhar por UTL afora?

- Pra ser sincero, não agüento mais esse lugar. Eu acho que seria uma coisa boa, sairmos por aí.

- Eu sabia. – diz Michi com um sorriso sincero nos lábios – Já estou até imaginando: Michi, o maior ladrão do mundo e seu Meio-Orc, Azogy, o Abascântico!

- Não abusa da sorte! – rosna o Meio-Orc num tom de bom-humor com um fundo de verdade.

- Ok, ok...

Eles começam a caminhar em direção a saída do Terceiro Reino como amigos caminhariam em direção ao por do sol em um filme B. Enquanto isso, Azogy indaga, olhando para Michi com dúvida:

- Sabe uma coisa que sempre me intrigou?

- O quê?

- Se UTL é um mundo, por quê ele é chamado de Universo? O certo seria MTL, Mundo Transversal Lateral.

- Uma boa pergunta merece uma boa resposta! O que acha de começarmos por aí? Procurando uma boa resposta. – diz o garoto.

- Excelente – e Azogy sorri.

Yg-Rejá! é a morada dos deuses ocultos. Eles existem, mas ninguém nunca os viu. A Yg-Rejá! foi construída pelo pastor-irmão Sahir Muadin por volta do ano 4.253 a.H. [17]. O sistema de datas de UTL é diferente do que conhecemos. Segundo os estudos dos historiadores e biologos locais, o UTL nasceu no ano 0, no primeiro dia do mês e da semana, na primeira hora. Seu crescimento começou precário, demorando 1.386 dias para completar um ano de vida. Cada semana demorava 21 dias para ser completa e o dia tinha 63 horas. UTL era apenas um bebê mirrado, pequeno e fraco. Isso preocupou as entidades divinas, no caso os pais de UTL, pois o mesmo já tinha mais de mil anos de idade com a aparência de um planetinha de cem. Dada a preocupação, os pais divinos de UTL começaram a lhe dar fortificantes parecidos com aquele leite para crescimento, com muitas vitaminas e sais minerais. Houveram dois resultados. O primeiro foi um grande terremoto. Todas as montanhas vieram abaixo ou mudaram de posição. Depois, houve enchente. Boa parte do planeta ficou debaixo d´agua, criando assim as ilhas que podemos chamar de continentes. Seguido, é claro, da importante abertura da Fenda De Deslize. Foi nesse momento que UTL começou a ter vida em sua superfície, ar e mares, vindos dos três planos. O segundo resultado foi que UTL cresceu. Ele ficou mais forte, mais resistente e muito mais saudável. Agora ele vivia como um planeta adulto e seu ciclo mudou, passando para 550 dias para completar o ano, com 50 semanas de 11 dias. O dia também foi reduzido para 40 horas. Quando UTL completou 5.000 anos, Horbully foi criada pela falha na FDD (Fenda De Deslize). Desta data em diante foi atribuído ao ano, uma sigla que marca a grande vinda de Horbully. Todo ano ocorrido antes de 5.000 seria datado como a.H., antes de Horbully. Todo ano depois do ano 5.000 seria datado como d.H., depois de Horbully. O sistema de ano não foi zerado, muito menos alterado. Os historiadores dizem que essa sigla tem um grande significado. Dizem que a sigla foi criada por um deslizante do Plano humano. O humano vinha de uma região perto do Mediterrâneo. Ele era baixinho, gordo e tinha um bigode longo, grosso e lustroso. Seu nome era Horapoix e ele era Kristão.

Na Yg-Rejá!, um pastor corria pelos corredores adornados, cheios de ouro e candelabros. Ele chega até uma grande porta de metal negro. Acima do batente superior, uma placa dizia “Adhes Lokan”. O Pastor entra na sala. Ela é escura, beirando o breu. Redonda, com paredes, teto e chão negros. Não existem adornos e nem objetos. Ali, outros quatro pastores estavam de pé, todos eles olhando um grande quadro pintado a óleo, que brilhava.

- Isso apareceu há dez minutos atrás! – diz o pastor-irmão Jacó. Ele tinha uma barba preta, longa e uma careca lustrada. Era magro e tinha estatura mediana.

- Essa sala deveria ser vazia. Precisamos tirar essa pintura urgentemente, antes que Adhes Lokan se zangue. – diz pastor-irmão Thiago. Magro, porém forte. Cabelos longos e loiros. Sem barba.

- Como a gente vai mover isso? Esse quadro é enorme e parece pesar toneladas. – diz pastor irmão Paulo. Esse, baixo, gordo, cabelos negros enrolados. Sem barba.

- Eu estou preocupado com os fiéis. Imagina se a informação que um quadro de tamanho sobrenatural apareceu dentro da Sala de Adhes Lokan? Isso entra em total acordo com os sinais descritos No Livro! – diz pastor-irmão Pedro. Estatura mediana, cabelos longos encaracolados, castanho-claro, lembrando bem uma ovelha. Sem barba.

- Esse homem na pintura, me parece muito com Adhes Lokan! – sussura Judas enquanto fechava a porta de metal negro. Alto, muito alto. Magro, muito magro. Branco, muito branco. Com enormes olheiras, uma enorme barba e um enorme cabelo liso e seboso. Seu dedo indicador, assim como todos os outros, era fino e longo e apontava para o quadro. Sua pele parecia esticada em seus ossos.

- Por J.K., Judas. Você me assustou! – diz pastor-irmão Thiago elevando a voz.

- Eu falei que era um erro mudarmos os sinais Do Livro. – diz Pedro de forma rápida e apavorada - Agora com esse quadro, os fiéis vão achar que Tudo irá acontecer. Estamos perdidos, perdidos. Eles irão debandar e ficaremos sem o arrecadamento. E os fiéis de Adhes Lokan são os de maior número e...

- Se eu fosse vocês, eu não me preocuparia com isso! – diz Judas de forma misteriosa. Vale lembrar que sua voz é muito semelhante a de um tigre rouco no frio. Ou de uma serra tentando serrar um metal. Ou talvez de uma Lhama, se as mesmas pudessem falar.

- Mas, são os fiéis que sustentam o templo Yg-Rejá! Temos que nos preocupar. – diz Jacó - Não é só porquê você é o pastor-irmão responsável por Adhes Lokan que todas as decisões referente ao problema serão suas! Nós iremos opinar, entendeu?

- Primeiro precisamos descobrir quem foi que colocou isso aqui e como! – diz Paulo – Arrastar uma coisa que deve pesar toneladas bem debaixo do nosso nariz. Isso é muito insulto!

- Foi Adhes Lokan que trouxe isso até aqui! – diz Judas.

- Boa piada! – ironiza Thiago – Deixe disso, Judas. Qualquer pastor-irmão sabe que esses deuses foram criados por Sahir Muadin. Eles não existem!

- Eu não teria tanta certeza disso! – diz Judas escancarando lentamente a fileira de dentes amarelados e tortos. Seus lábios finos começaram a tomar a forma de um sorriso. Um sorriso cheio de dentes quase podres.

Os pastores-irmãos olharam entre si. Judas era o típico ser que exala medo. Ele era responsável por Adhes Lokan, o deus da morte e do sangue. Desconfiavam que ele também era responsável por muitas mortes suspeitas dentro e fora da Yg-Rejá! e pela lei que proibia fiéis de Adhes com mais de cinco anos escovarem os dentes. Ninguém sabia a idade de Judas. Só se sabia que ele era um dos poucos UTLensse que restaram. Um sangue puro, nascido em UTL, das terras de UTL. Dizia ele não ter pai nem mãe. Dizem que ele é velho, muito velho. Até os outros pastores-irmãos tinham medo dele. Não um medo que faz correr ou se esconder, mas um medo saudável.

- O que você quer dizer com isso, Judas? – indaga Thiago.

- Hoje cedo eu tive A Visão, meus irmãos. – sussura Judas calmamente – Adhes Lokan me disse que iria me mandar Um Sinal. Um Sinal de que ele está próximo. Um Sinal que apenas um deus poderia dar. Algo impossível. Os pastores-irmãos se olham novamente. Olham para o quadro e Judas continua:

- Esse quadro e tão alto e largo que não passaria por essa porta. Ele é tão pesado que nem o animal mais forte de UTL poderia movê-lo. Vocês ainda duvidam de que esse é Um Sinal?

- Judas, deuses não existem. Isso é crença de fiel, por J.K.! – diz Thiago.

MEU SERVO ESTÁ CERTO! EU EXISTO E SEMPRE IREI EXISTIR. – uma voz tão sombria quanto a sala ecoa por suas paredes redondas. As palavras foram proferidas pela boca da figura pintada no quadro.

- Por J.K.! – gritam os quatro pastores-irmãos.

J.K. NÃO TEM NADA A VER COM ISSO! AGORA CALEM-SE E ESCUTEM! – diz a voz.

- Eu avisei, não avisei? – sussura Judas – Depois vão falar mal de mim. Eu avisei!